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OPINIÃO: As cartas estão na mesa

Talvez o jogo que será jogado nos próximos dois meses e meio, seja o jogo das nossas vidas. Porque, mesmo que não estejamos na mesa dos jogadores, nós é que damos as cartas e definiremos o vencedor.

As cartas estão na mesa e os jogadores, um dos quais, se sabe, será substituído, a postos. Como, comparativamente com outras pugnas do gênero, haverá menos tempo até a definição do vencedor, a tendência é que os blefes aumentem. Assim, como a responsabilidade pela decisão de quem vencerá é nossa, é bom que permaneçamos atentos, vigilantes e de olho nas mutretas retóricas que tentarão nos convencer de que as melhores cartas estão na mão deste ou daquele contendor.

Ademais disso, para que não corramos o risco de cair em tentação, é importante que conheçamos cada um deles e saibamos o que representam seus esgares, seus cacoetes, seus recursos verbais e, fundamentalmente, suas histórias de vida e seus comportamentos diante dos reclamos sociais, que se perpetuam sem atendimento e das necessidades gerais de desenvolvimento sustentável da nação.

Quem se apresentará com aptidão e coragem cívica para enfrentar nossas intermináveis mazelas sociais? Quem saberá ponderar adequadamente as necessidades de crescimento econômico sem contraposição ao impostergável resgate da dignidade mínima de dezenas de milhões de brasileiros, que vegetam à margem de qualquer processo inclusivo capaz de estabelecer o equilíbrio alcançado pelos países em que a justiça social foi partilhada, permitindo que os agentes das transformações convivessem sem os fossos sociais e guetos criados pelas nossas elites políticas e econômicas.

Quem fará da educação - base de qualquer processo desenvolvimentista permanente - um recurso efetivo de transformação, que vá além dos discursos decorados? Quem se comprometerá com os investimentos em infraestrutura que o país necessita para crescer de forma equilibrada? Quem entenderá que sem recursos para pesquisa em conhecimento e tecnologia continuaremos ad aeternum dependentes dos humores dos países ricos na imutável condição de meros produtores de commodities, sem nenhum controle sobres os mercados consumidores? Quem estancará a interminável sangria que drena para o capital especulativo apátrida e sem compromissos éticos os recursos de nosso trabalho e de nossa produção e que já consome quase a metade do orçamento federal?

Essas são algumas das questões fundamentais - há outras, claro - que não podemos perder de vista na análise dos pretendentes ao comando político e administrativo do país (fico no plano Executivo Federal), antes de digitarmos nosso voto na urna.

Observemos, pois, o vasto leque de postulantes. Nele, passando pelas variadas possibilidades de gradação ideológica, à direita e à esquerda, encontraremos desde saudosistas do socialismo real e do stalinismo soviético até postulantes cujo ideário se confunde com a ideologia dos adeptos do Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães, de Adolf Hitler, e do Partido Nacional Fascista, de Benito Mussolini.

Pelo menos, suponho, em quem não votar, nós já sabemos.

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